Excelente seleção de textos poéticos de Pessoa para todas as idades e para diferentes níveis de leitura.
As ilustrações não ficam atrás, são belíssimas.
SINOPSE
Esta
é uma primeira antologia da poesia de Fernando Pessoa que se pretende
ao alcance de todos: crianças e adultos. Nela se reúnem não só os poucos
e por vezes divertidos poemas que escreveu para crianças, mas também
outros cuja leitura é acessível aos mais jovens.
Deixo-vos alguns poemas e imagens do livro simplesmente maravilhoso...
- O que é poesia?
- Poesia é o nome que damos à alma das palavras.
- As palavras têm alma?
-
Claro. Se as palavras fossem só som, esquecê-las-íamos depois de ditas.
Se as palavras fossem só escritas, o tempo apagá-las-ia aos poucos e
delas nada restaria a não ser o tempo em que não existiam.
- Mas nós não podemos ver a alma das palavras.
-
Claro que não. A poesia não se vê, sente-se. Se olhares para mim agora,
vês que estou de pé. Tenho os pés no chão. Não consegues ver que, por
dentro, me sinto voar. Não consigo provar-te que estou a voar e, no
entanto, o que não te consigo provar é aquilo que me prova que estou
vivo.
- Então a poesia é o lado de dentro das palavras.
- Sim.
Por fora, as palavras são as mesmas para toda a gente, mas aquilo que
fazem sentir a cada um é diferente. As palavras só falam, a poesia é o
que elas nos dizem.
Dia da Árvore
Dia da Árvore
"Era uma vez uma árvore...que amava um menino.E todos os dias o menino vinha, juntava as suas folhas, e com elas fazia coroas, imaginando ser o rei da floresta.Subia o seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas maçãs, brincavam às escondidas e quando ficava cansado, dormia à sua sombra.O menino amava aquela árvore...E a árvore era feliz.Mas o tempo passou.O menino cresceu.E a árvore ficou muitas vezes sozinha.Um dia o menino veio e a árvore disse-lhe:- Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos, comer maçãs, brincar à minha sombra e ser feliz.-Já sou muito crescido para brincar - disse o menino.Quero comprar coisas e divertir-me.Quero dinheiro.Podes dar-me algum dinheiro?-Desculpa - disse a árvore.Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs. Leva as minhas maçãs, menino. Vende-as na cidade. Então, terás dinheiro e serás feliz.E assim, o menino subiu o tronco, colheu as maçãs e levou-as.E a árvore ficou feliz.Mas o menino ficou longe da árvore durante muito tempo...E a árvore ficou triste outra vez. Até que um dia o menino regressou e a árvore, estremecendo de alegria, disse:- Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos e ser feliz .Estou muito ocupado para subir a árvores - respondeu o menino. Eu quero uma casa para viver. Quero uma mulher e filhos. Podes dar-me uma casa?- Eu não tenho casa disse a árvore. A floresta é o meu abrigo. Mas corta os meus ramos e constrói a tua casa. Então serás feliz.O menino assim fez. Cortou os ramos e levou-os para construir uma casa.E a árvore ficou feliz.Mas, uma vez mais, o menino separou-se da árvore e quando voltou, a árvore sentiu-se tão feliz que mal conseguia falar.- Anda, menino - sussurrou ela. Anda brincar.- Estou velho e triste demais para brincar -explicou o menino.Quero um barco que me leve para bem longe daqui.Podes dar-me um barco?-Corta o meu tronco e faz o barco -disse a árvore. Assim poderás viajar para longe...e ser feliz.O menino cortou o tronco, fez um barco e partiu.E a árvore ficou feliz...Mas não muito.Muito tempo depois, o menino voltou novamente.- Desculpa meu menino - disse a árvore. Nada mais me resta para te dar.Gostava de ter algo para te oferecer...mas nada me resta. Sou apenas um velho toco. Desculpa..-Já não preciso de muita coisa - acrescentou o menino, só um lugar sossegado onde me possa sentar e descansar. Sinto-me muito cansado.Anda menino, respondeu a árvore. Senta-te e descansa.E foi o que o menino fez.E a árvore ficou feliz."
"Era uma vez uma árvore...
que amava um menino.
E todos os dias o menino vinha, juntava as suas folhas, e com elas fazia coroas, imaginando ser o rei da floresta.
Subia o seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas maçãs, brincavam às escondidas e quando ficava cansado, dormia à sua sombra.
O menino amava aquela árvore...
E a árvore era feliz.
Mas o tempo passou.
O menino cresceu.
E a árvore ficou muitas vezes sozinha.
Um dia o menino veio e a árvore disse-lhe:
- Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos, comer maçãs, brincar à minha sombra e ser feliz.
-Já sou muito crescido para brincar - disse o menino.
Quero comprar coisas e divertir-me.
Quero dinheiro.
Podes dar-me algum dinheiro?
-Desculpa - disse a árvore.
Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs. Leva as minhas maçãs, menino. Vende-as na cidade. Então, terás dinheiro e serás feliz.
E assim, o menino subiu o tronco, colheu as maçãs e levou-as.
E a árvore ficou feliz.
Mas o menino ficou longe da árvore durante muito tempo...
E a árvore ficou triste outra vez. Até que um dia o menino regressou e a árvore, estremecendo de alegria, disse:
- Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos e ser feliz .
Estou muito ocupado para subir a árvores - respondeu o menino. Eu quero uma casa para viver. Quero uma mulher e filhos. Podes dar-me uma casa?
- Eu não tenho casa disse a árvore. A floresta é o meu abrigo. Mas corta os meus ramos e constrói a tua casa. Então serás feliz.
O menino assim fez. Cortou os ramos e levou-os para construir uma casa.
E a árvore ficou feliz.
Mas, uma vez mais, o menino separou-se da árvore e quando voltou, a árvore sentiu-se tão feliz que mal conseguia falar.
- Anda, menino - sussurrou ela. Anda brincar.
- Estou velho e triste demais para brincar -explicou o menino.
Quero um barco que me leve para bem longe daqui.
Podes dar-me um barco?
-Corta o meu tronco e faz o barco -disse a árvore. Assim poderás viajar para longe...e ser feliz.
O menino cortou o tronco, fez um barco e partiu.
E a árvore ficou feliz...Mas não muito.
Muito tempo depois, o menino voltou novamente.
- Desculpa meu menino - disse a árvore. Nada mais me resta para te dar.
Gostava de ter algo para te oferecer...mas nada me resta. Sou apenas um velho toco. Desculpa..
-Já não preciso de muita coisa - acrescentou o menino, só um lugar sossegado onde me possa sentar e descansar. Sinto-me muito cansado.
Anda menino, respondeu a árvore. Senta-te e descansa.
E foi o que o menino fez.
E a árvore ficou feliz."
Shel SilverStein. A árvore generosa.
Shel SilverStein. A árvore generosa.
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